Cerimónia Militar comemorativa do Dia de Portugal

Cerimónia Militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas no Terreiro do Paço.

Cerimónia Militar comemorativa do Dia de Portugal,
de Camões e das Comunidades Portuguesas

Terreiro do Paço

10 de junho de 2016

Militares de Portugal,

Antigos Combatentes,

Portugueses,

Celebramos hoje o Dia das Forças Armadas. E não seria justo celebrá-lo num outro dia que não no Dia de Portugal.

Aqui estamos, pois, com as nossas Forças Armadas, garantes da nossa independência e da nossa Constituição democrática e social.

Celebramos, também, o Dia das Comunidades. Hoje mesmo estaremos com os nossos compatriotas em França, para lhes darmos sinal da nossa gratidão pela Pátria que todos os dias engrandecem – em França e por todo o mundo – com o orgulho vívido de serem portugueses ou lusodescendentes.

Celebramos, ainda, Camões, poeta máximo das nossas epopeias passadas, exemplo maior de português de sempre e para sempre.

Reunindo as três celebrações num só dia, celebramos a quintessência do 10 de Junho: Portugal.

E Portugal é o seu Povo. Ele não vacila, não trai, não se conforma, não desiste.

A sabedoria, hoje, como há nove séculos, reside no Povo e Portugal avançou e cresceu sempre que as elites, interpretando a vontade popular, os seus desígnios, as suas aspirações, o guiaram em comunhão plena. Assim, ao longo dos séculos, se foi construindo e consolidando a identidade nacional.

E nos momentos de crise, quando a Pátria é posta à prova, é sempre o Povo quem assume o papel determinante. Foi o Povo, o Povo armado – os soldados de Portugal – e o Povo não armado, quem nos deu a possibilidade de aqui estarmos hoje a celebrar Portugal.

Foi o seu sangue que mais correu desde a conquista do território com Afonso Henriques e ao longo de toda a sua História; foi o Povo – a arraia-miúda – quem valeu ao Mestre de Avis; foi o Povo quem não se vergou durante sessenta anos, até chegar o 1º de dezembro de 1640; foi o Povo, soldados e não soldados, quem também fez frente às invasões do princípio do século XIX; foi o Povo quem na instauração da República sonhou, lutou e persistiu na busca de um país melhor; foram os soldados de Portugal que resgataram, com o Povo para nós, a honra e deram sentido à palavra Liberdade. Foi o Povo quem – nos momentos de crise – soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo.

O Povo, sempre o Povo, a lutar por Portugal, mesmo quando algumas elites, ou melhor, as que como tal se julgavam, nos falharam, em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, de meros ouropéis luzidios, de autocontemplações deslumbradas; ou, simplesmente, tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos.

Esse mesmo Povo que hoje é o garante do nosso desenvolvimento económico, da justiça social, do progresso na educação, na cultura e na ciência, na reconfiguração de Portugal como país de economia europeia, de raiz multicultural, expressão da língua portuguesa, plataforma entre continentes, culturas e civilizações.

É esse Povo que hoje, aqui e em França, queremos celebrar.

Aqui, em Lisboa, seguro de estar a interpretar a vontade popular, condecoro militares, cujos pundonor e percurso, no passado ou no presente, são exemplo para todos nós.

Mais tarde, em Paris, condecorarei, em nome de todos nós, alguns Portugueses que, durante os recentes atentados, não hesitaram, por um instante, em dar abrigo e salvar quem fugia da destruição e da morte.

Também eles são um exemplo de solidariedade e de humanismo que devem ser realçados, mostrando assim que estamos atentos e gratos a todos esses portugueses, que ainda que longe, nos honram e nos orgulham, fazendo-nos vibrar por pertencermos à Pátria que somos.

Este espaço, onde nos encontramos, concentra em si os factos mais significantes da História de Portugal desde antes do tempo das Descobertas. Podemos dizer que devemos aos acontecimentos, ocorridos neste mesmo espaço, o que somos hoje e o que fomos sendo desde o século XV.

Aqui se misturaram gentes, culturas e produtos vindos por terra ou trazidos por naus e caravelas dos lugares mais longínquos que fomos descobrindo. O nosso cosmopolitismo, para não dizer o nosso universalismo, começou aqui.

E foi aqui que a nossa independência foi perdida e foi recuperada por mais de uma vez, e por isso a nossa liberdade lhe está associada.

E neste exato espaço, a praça que aqui existia, os palácios que a contornavam, casario e ruelas, tudo desapareceu com o terramoto.

Mas foi aqui também que demos prova do que somos capazes: novamente a partir do nada, planeámos, reconstruímos, reerguemo-nos, Lisboa renasceu e esta nova Praça tornou-se uma das mais belas da Europa.

Mostrámos ao mundo de então de que fibra somos feitos e do que somos capazes.

Hoje, em 10 de junho de 2016, desta mesma Praça, que é símbolo maior do nosso imaginário coletivo, partimos, uma vez mais, rumo ao futuro.

Somos Portugueses. Como sempre, triunfaremos!

10
Jun
2016