Mensagem de Ano Novo
Mensagem de Ano Novo
Palácio de Belém
1 de janeiro de 2017
Muito Boa Noite.
Há quase dez meses, ao tomar posse, recordei a nossa vocação de sempre, que é a de sermos mais do que dez milhões que vivem num retângulo na ponta ocidental da Europa.
Somos e temos de ser uma plataforma entre culturas, civilizações e continentes, espalhados pelo mundo, capazes de criar diálogo, fazer a paz, aproximar gentes.
Para isso, defendi mais e melhor educação, maior coesão, ou seja, menores desigualdades, capacidade de nos unirmos no essencial, em clima de estabilidade social e polÃtica, responsáveis mais isentos e próximos daqueles que devem representar.
E, também, finanças públicas rigorosas, sistema bancário mais sólido e crescimento económico capaz de criar riqueza e de permitir o combate ao risco de pobreza, e mais justa repartição dos rendimentos.
O ano de 2016 chegou ao fim.
Será que conseguimos dar passos em frente no caminho pretendido?
É indesmentÃvel que tivemos estabilidade social e polÃtica, que alcançámos um acordo sobre salário mÃnimo, que os dois Orçamentos do Estado mereceram, a aceitação da União Europeia, que cumprimos as nossas obrigações internacionais, que trabalhámos para reforçar o sistema bancário, que compensámos alguns dos mais atingidos pela crise, e que houve, da parte de mais responsáveis, uma proximidade em relação à s pessoas, ao cidadão comum, partilhando os seus sonhos e anseios, as suas angústias e desilusões.
Quer isto dizer que demos passos – pequenos que sejam – para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro de crise polÃtica iminente, do fracasso financeiro, da instabilidade social que, para muitos, era inevitável.
Tudo isto foi obra nossa – nossa, de todos os Portugueses.
No entanto, ficou muito ainda por fazer.
O crescimento da nossa economia foi tardio e insuficiente. Alguns domÃnios sociais sofreram com os cortes financeiros. A dÃvida pública permanece muito elevada. O sistema de justiça continua lento e, por isso, pouco justo, a começar na garantia da transparência da polÃtica. O ambiente nos debates entre polÃticos foi mais dramatizado do que na sociedade em geral.
Mas, tudo visto e somado, o balanço foi positivo.
Entrámos em 2016 a temer o pior. SaÃmos, a acreditar que somos capazes do melhor.
Numa palavra, aumentámos o nosso amor-próprio como Nação e ganhámos fôlego na formação para um novo tempo, com a Cimeira Digital, na presença constante junto dos compatriotas que, fora do nosso território fÃsico, pertencem ao nosso território espiritual, como no 10 de Junho, em vitórias, por natureza, raras – de que o Euro foi feliz exemplo –, na afirmação do nosso papel no mundo, com a eleição aclamatória de António Guterres para Secretário-geral das Nações Unidas.
Quando queremos, nos unimos no fundamental, e trabalhamos com competência, com método e com metas claras – somos os melhores dos melhores.
E cumprimos o nosso destino, fazendo pontes, aproximando povos, chegando onde outros não chegam.
Começa hoje um novo ano.
Neste tempo que se abre, temos de reafirmar os nossos princÃpios e saber o que é preciso fazer primeiro.
Os nossos princÃpios: acreditamos nas pessoas, no respeito da sua dignidade, das suas diferenças, dos seus direitos pessoais, polÃticos e sociais; acreditamos na democracia; acreditamos no Estado Social; acreditamos no dever de construir a solidariedade e a paz, e de lutar contra o terrorismo, na Europa onde nascemos, na Comunidade que fala português que ajudámos a criar, no Atlântico que atravessámos, nos novos mundos onde estivemos e estamos e queremos unir cada vez mais.
À luz destes princÃpios, o caminho para 2017 é muito simples: não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado.
Não perder estabilidade polÃtica, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo.
Mas, ao mesmo tempo, completar a consolidação do sistema bancário, fomentar exportações, incentivar investimento, crescer muito mais, melhorar os sistemas sociais, mobilizar para o combate à pobreza, sobretudo infantil, e curar de uma Justiça que possa ser mais rápida e, por isso, mais justa.
2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização polÃtica e da preocupação com o rigor financeiro.
2017 tem de ser o ano da gestão a prazo, e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado.
Aprendendo a lição de que, no essencial, tivemos sucesso quando nos unimos.
E assim será em 2017.
Ao recebermos o Papa Francisco.
Ao celebrarmos 40 anos sobre a igualdade entre mulher e homem, na famÃlia, no Código Civil.
Ao comemorar os 150 anos de abolição da pena de morte.
E, sobretudo, ao construirmos um PaÃs melhor.
Recordando, com saudade os que partiram em 2016, e foram muitos, desejo do fundo do coração as maiores venturas a todos os Portugueses, onde quer que vivam, incluindo os que se encontram em missão no estrangeiro, e também àqueles, que dos quatro cantos do mundo, chegaram e chegam à nossa terra.
Com esperança.
Com confiança.
Com Paz.
Acreditando sempre em nós próprios.
Acreditando sempre em Portugal!
Um bom 2017.